domingo, 3 de outubro de 2010

Poema: Madeiras do Oriente - Waly Salomão

Waly Salomão

Madeiras do Oriente

Waly Salomão

Só eu sei teu nome mais secreto
Só eu penetro em tua noite escura
Cavo e extraio estrelas nuas
Cardumes de cometas e conchas
De tuas constelações cruas.

Abre-te sésamo! - brado ladrão de Bagdá

Só meu sangue sabe tua seiva e senha
E de gala irriga as margens cegas
Areias de tuas elétricas ribeiras,
Sendas de escarpas, grutas ignotas,
Porto de tainheiros.

Não sei, não sei mais nada.
Sei que salivo de sede dos teus lábios.
Ó
    língua que pincela os sete mil céus da boca.
Ó
    mapa-múndi dos véus, dos pinguelos, da abóbada palatina.

Amar: doce-amara sustância
Cuja sapiência me lambuza um tiquinho.
Ciência de quem sabe tocar a gloriosa
Epistemologia negativa, mas que nada,
Que saber tudo é nada saber que sabe.
Só eu sei teu nome / número mais secreto?

Sou estuário.
Abre-te sésamo! - brado ladrão de Bagdá.

Fonte: Livro - Pescados Vivos - Waly Salomão


Adriana Calcanhotto - Teu Nome Mais Secreto


Adriana


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