domingo, 24 de outubro de 2010

Estrela do Dia: Camille Claudel

Camille Claudel
Nome: CAMILLE
Sobrenome: CLAUDEL
ESCULTORA
Nascimento:
8 de dezembro de 1864
Olhos: azuis-escuros
Irmão: Paul Claudel
Amante: Auguste Rodin
Companheiro: Debussy
Trinta anos de criação
Trinta anos de hospício

Ser escultora. Ao ousar fazer essa escolha, no final do século XIX, a jovem Camille definiu para si uma vida incomum: o confronto permanente com a família e o meio social, quinze anos de ligação apaixonada e destrutiva com um grande escultor (Rodin), trinta anos de internamento num asilo de alienados mentais, onde morreu em 1943. Saldo: uma obra comovente, de imensa força e rara originalidade visionária - e o esquecimento.


A idade madura (Os caminhos da vida), 1899


Carta do asilo

"... Tenho pressa de deixar este lugar... Não sei se você pretende me deixar aqui, mas é muito cruel para mim!... Dizer que a gente está tão bem em Paris e que é preciso renunciar a isso por causa das bobagens que vocês têm na cabeça... não me abandone aqui sozinha..."

Carta do asilo

"... Parece que meu pobre ateliê - alguns pobres móveis, algumas ferramentas forjadas por mim mesma - meu pobre pequeno lar, excitava ainda a cobiça deles!..."

Carta do asilo

"... Censuram-me (ó crime horrendo) por ter vivido sozinha..."
25 de fevereiro de 1917

Carta do asilo

"... Na verdade, querem me forçar a fazer escultura aqui, vendo que não conseguem, submetem-me a todo tipo de vexames. Isso não me fará mudar de ideia, muito pelo contrário..."

Carta do asilo

"... Hoje, 3 de março, é o aniversário do meu sequestro em Ville-Evrard: faz sete anos... fazer penitência nos asilos de alienados. Depois de se terem apoderado da obra de toda a minha vida, mandam-me cumprir os anos de prisão que eles próprios tanto mereceriam..."

Carta do asilo

"... Eu gostaria de estar em minha casa e de fechar bem a minha porta. Não sei se poderei realizar esse sonho, estar em minha casa!..."

Carta do asilo

"... me recusar um asilo em Villeneuve. Eu não faria escândalo como você está pensando. Ficaria feliz demais por voltar à vida comum para fazer o que bem entendesse. Eu não ousaria mais me mexer, de tanto que já sofri. Você me diz que seria preciso alguém para me servir? Como assim? Nunca tive empregada em toda a minha vida..."

Carta do asilo

"... Quanto a mim, estou tão desolada por continuar a viver aqui que eu não [ilegível] mais uma criatura humana. Não posso mais suportar os gritos de todas essas criaturas, isso me parte o coração. Deus, como eu gostaria de estar em Villeneuve! Não fiz tudo o que fiz, para acabar meus dias internada numa casa de saúde, eu merecia outra coisa..."

Carta do asilo

"... A imaginação, o sentimento, o novo, o imprevisto que saem de um espírito desenvolvido sendo coisa inacessível para eles, cabeças tapadas, cérebros obtusos, eternamente fechados à luz, eles precisam de alguém que a forneça. Eles diziam: ... nós nos servimos de uma alucinada para encontrar nossos temas. Devia haver alguns pelo menos que fossem gratos e soubessem dar alguma compensação à pobre mulher que despojaram do seu gênio: não! uma casa de alienados! nem sequer o direito de ter minha casa! Porque é preciso que eu seja submissa à vontade deles! É a exploração da mulher, o esmagamento da artista que querem fazer suar até sangue..."

Carta do asilo

"... é realmente forte demais!... E me condenar à prisão perpétua para que eu não reclame!
"Tudo isso no fundo sai do cérebro diabólico de Rodin. Ele só tinha uma ideia, a de que ele morrendo eu tomasse impulso como artista e me tornasse maior do que ele: ele precisava manter-me em suas garras depois de morto, como em vida. Era preciso que eu fosse infeliz com ele morto como o fui com ele vivo. Ele venceu em tudo, ponto por ponto, pois, quanto a ser infeliz, de fato o sou!... Eu me aborreço muito com esta... escravidão..."

Carta do asilo 

"... Meu lugar não é no meio de tudo isso, preciso me retirar deste meio; hoje, depois de quatorze anos de uma vida dessas, reivindico em altos brados a liberdade..."

Carta do asilo

"... Hoje faz quatorze anos que tive a desagradável surpresa de ver entrar no meu ateliê dois esbirros armados até os dentes, com capacetes e botas, absolutamente ameaçadores. Triste surpresa para uma artista; ao invés de uma recompensa, foi isso que me aconteceu! É comigo que acontecem coisas assim..."


O Sakuntala, 1888


...Camille Claudel, aluna de Rodin, que se tornou quase tão forte quanto o mestre...
Chronique de l'Indre


Eu ficaria surpreso se algum dia a srta. Claudel não tomasse lugar, bruscamente, entre os grandes mestres escultores do século.
Armand Dayoz


Camille exibia os vestidos mais extravagantes e sobretudo penteados feitos com fitas e plumas onde se combinavam mil cores. Pois havia nessa artista genial um desregramento, alguma coisa de eternamente infantil...
Henry Asselin


Fonte: Livro - Camille Claudel, uma Mulher - Anne Delbée - Martins Fontes.

Um comentário:

  1. '...tanta luz e tanta cruz...' Bonito. Vou segui-la.
    Se puder, passe por http://pretextoselr.blogspot.com/
    Abraço.

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